quinta-feira, 21 de novembro de 2013

CONFLITO DE TERRA 12 pessoas do MST estão sitiadas no interior de MT em risco de morte

Por Keka Werneck

Um total de 12 pessoas do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) estão sitiadas no Assentamento Terra de Viver, zona rural de Cláudia, a 600 quilômetros de Cuiabá (MT).

O Movimento denuncia que um grupo rival, armado e insuflado por sojeiros e madeireiros da região, cercou a área desde os dias 12 e 13 de novembro, quando ocorreram tiroteios e sete pessoas, somente do MST, foram presas.

Um homem de 43 anos, por estar muito visado, escapou do cerco pelo mato para tentar se proteger. Ele está escondido. “Minha família também está escondida em Cláudia e isso é o que mais me preocupa”, lamenta, se referindo à mulher e três filhos, de 13, 6 e 4 anos. Há outras mulheres, crianças e idosos entre os sitiados. Diante da gravidade do caso, o Movimento está denunciando institucionalmente e publicamente a situação.


Já foram acionados o Fórum de Direitos Humanos e da Terra e a Defensoria Pública. Ambos vão mandar representante ao local na próxima terça-feira (26). A tentativa é dialogar com o prefeito e vereadores para chamar uma audiência pública.

A denúncia também já foi protocolada na Ouvidoria da Polícia e na Polícia Federal, em Sinop.

Morosidade

Conforme o MST, o conflito na área começou devido à morosidade da reforma agrária. Havia oito famílias do MST já assentadas na propriedade rural de 1.400 hectares. Mas restou uma área ociosa, onde, conforme garantiu o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ao Movimento, seriam assentadas mais 12 famílias. Como o Incra demorou para fazer isso, há cerca de 3 meses 12 famílias da região, que não são do Movimento, ocuparam a área. Nisso, as famílias do MST que estavam à espera de uma convocação oficial para entrar na terra, resolveram ocupar também.

Genadir Vieira, da coordenação do MST, informa que esse pessoal estava esperando há mais de 10 anos, alguns deles há quase duas décadas, vivendo em lonas, na beira de estrada. “Então, é claro que dá revolta”.

A convivência entre os grupos se complicou porque o MST é contra o plantio de soja e a favor do plantio de comida, assim como é contra o uso de venenos agrícolas, pois entende, com base científica, que faz mal à saúde humana. Na área em questão, é justamente isso que acontece. Plantio de soja, à base de venenos.  

Além disso, 75% da área é mata fechada. O MST não quer que explorem a madeira, inclusive porque é ilegal. Mas afirma que o grupo rival está retirando castanheira e itaúba.

A castanheira é usada na construção civil, mas não pode ser mais derrubada, porque está em extinção. Já a itaúba, muito usada na confecção de móveis, só pode ser explorada com autorização.

O caso foi levado ao conhecimento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama) e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema).

Dos 25% restantes da área, 20% é arrendado com sojeiros. Os outros 5% ficam no entorno das casas, onde há pequenos cultivos, como de mandioca e hortaliças.

Genadir conta que no dia 12, por volta das 9h da manhã, enquanto o Movimento se reunia para fortalecer a campanha contra o agrotóxico, uma máquina de um plantador de soja começou a passar veneno nas proximidades. “A gente achou aquilo um abuso, uma falta de respeito”, reclama Genadir. “Mesmo assim, o nosso pessoal foi lá conversar com ele, que aceitou e parou, mas logo em seguida soltaram rojões e começou um tiroteio, só bala para todo lado”, narra.

A polícia levou sete presos somente do MST.  O que o Movimento achou estranho.

Conforme o MST, à noite o grupo rival ateou fogo em bandeiras e barracos. Os desalojados foram para a sede.

A urgência da intervenção do Estado no conflito é para evitar maiores tragédias.

Telefone para contato: 66-9631-4298 (Marciano)

 FONTE - MST/MT

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